22/09/2016
Créditos: divulgação Sônia Marta
E é por acreditar nisso que o Setembro Azul defende as escolas bilíngues para surdos, pois, segundo a professora, “a escola bilíngue vem garantir a alfabetização e o aprendizado dos conteúdos escolares na língua de sinais”.
Sabendo disso, setembro foi o mês escolhido para a luta do povo surdo em defesa da língua e cultura. Nele é comemorado o Dia Mundial das Línguas de Sinais (10), o Dia Nacional do Surdo (26) e o Dia Internacional dos Surdos (30). Pensando nessas datas e na mobilização nacional na defesa das escolas bilíngues para surdos, foi criado o Setembro Azul.
A cor azul, segundo Sônia, “simbolizava o laço azul que as pessoas com deficiência carregavam no braço na Segunda Guerra Mundial. Era uma forma de distingui-las, de marcá-las. O mês de setembro simboliza a opressão sofrida pelo povo surdo quando a língua de sinais foi banida da educação de surdos no congresso mundial realizado em Milão, no ano de 1880”.
Para a educadora, o Movimento Surdo tem conquistado espaços na sociedade, espaços estes que são de direito dos surdos, “temos uma legislação que reconhece a língua de sinais como meio de comunicação de surdos (Lei 10.436/2002), que cria o curso Letras Libras - Licenciatura e Bacharelado (decreto 5.626/2005), que reconhece a profissão do tradutor intérprete de Libras e Língua Portuguesa (Lei 12.319/2010), que apresenta diretrizes importantes sobre a educação e acessibilidade da pessoa surda (Lei LBI 13.146/2015)”.
Além disso, Sônia descreve que o maior desafio enfrentado pelos surdos “é a defesa do jeito de ser do surdo, de sua língua e cultura”. Há um grande equívoco, reproduzido pelas pessoas, ao se referir aos surdos como deficientes auditivos, pois essa terminologia reforça o preconceito linguístico e social existente: “As pessoas surdas por um histórico de luta contra o preconceito linguístico e social não se reconhecem como deficientes auditivos. Essa terminologia vem da área clínica e carrega, segundo o povo surdo, a ideia de falta. Os surdos não têm falta, não se posicionam no mundo com a lógica da falta. Eles se colocam na perspectiva da diferença linguística e cultural. São surdos; têm leitura e percepção de mundo diferentes das pessoas que ouvem”.
Por fim, Sônia acredita em uma sociedade inclusiva: “Vejo a educação como uma teia que tem, dentro de si, a diversidade. Cada um tem seu lugar nessa teia. E o lugar, o momento de aprender, é único e especifico de cada grupo que compõe essa teia. As políticas educacionais foram pensadas para a diferença, e não com a diferença. Esse é o grande entrave da educação na perspectiva da inclusão escolar: não reconhecer e considerar a diferença como parte da teia educacional. Por esse motivo, a educação de e para a diversidade foi, e ainda é, em muitos espaços escolares, uma educação marginal”.
Convidamos todos os professores e escolas a participarem do Setembro Azul. Abrace essa causa!
Para ter mais informações sobre o movimento, acesse o site Setembro Azul ou clique e assista ao “VT SETEMBRO AZUL EXPLICAÇÃO com legenda”
Matéria produzida por Raquel Siqueira