07/07/2017
Os termos “questão” e “item” são utilizados como sinônimo para designar uma pergunta feita em prova ou exercício. Mas, o que muitos não sabem é que “item” e “questão” são termos que remetem a conceitos e técnicas distintas. O professor Bruno de Assis Freire de Lima* esclarece as dúvidas sobre esse assunto.
Um primeiro ponto a se considerar é que questão e item são termos que rementem a conceitos diferentes. Bruno explica que a questão “etimologicamente, refere-se a perguntas e seu uso data do início das práticas educativas, com Aristóteles. A questão entra para a educação muito antes de se estabelecerem práticas de avaliação tal como a conhecemos. Os alunos eram estimulados a pensar por meio de questões feitas pelos mestres, durante as próprias aulas. Com esse argumento etimológico, questão está relacionado à pergunta. Desse modo, só seria possível considerar como questão o item cujo enunciado fosse uma interrogativa direta, marcada com ponto de interrogação”. Por outro lado, o item “corresponde a um instrumento tecnicamente consistente”. Para não confundir no momento da utilização dos termos, Bruno afirma que se deve prestar atenção na técnica “Uma possibilidade está exatamente na questão técnica. O item necessita de precisão de linguagem, possui regras mais rígidas e estão necessariamente atrelados ao ato avaliativo. A questão tem outras funções na escola, dentre elas a fixação de conteúdos”.
Os termos “questão” e “item” são utilizados como sinônimo para designar uma pergunta feita em prova ou exercício. Mas, o que muitos não sabem é que “item” e “questão” são termos que rementem a conceitos e técnicas distintas. Bruno de Assis Freire de Lima responde quais diferenças perpassam esses dois termos:
Além disso, enquanto a questão não possui categorização, o item é categorizado quanto à forma e ao tipo. “Em relação à forma, a literatura especializada reconhece os itens objetivos, itens abertos e os itens dissertativos. Os itens objetivos possuem diversos tipos, sendo eles: Item de interpretação; Item de interrogativa direta (resposta única); Item de foco negativo; Item de alternativas constantes; Item de afirmativa incompleta; Item de lacuna; Item de asserção e razão; Item de ordenação ou seriação; Item de resposta múltipla e Item de associação”. Os itens abertos podem ser: “Item aberto de resposta curta; item aberto de resposta fechada. Os itens discursivos correspondem às redações e aos de resposta dissertativa”.
Fique atento às próximas perguntas e respostas sobre o tema: Item e Questão.
Bruno enumera as principais dúvidas que surgem na produção de um item “Os profissionais que possuem dificuldade em produzir o item certamente não estão familiarizados com a linguagem técnica necessária a sua produção. Mais do que saber exatamente o que quer avaliar em um item, o elaborador precisa conhecer “como” avaliar. Conhecer bem a estrutura de cada item. Seus tipos, seus formatos, para só então iniciar o trabalho de elaboração”.
Ao iniciar a elaboração de um item é necessário, segundo Bruno, conhecer quem será avaliado e determinar a habilidade: “Um bom item é aquele que avalia com precisão determinada habilidade. Avaliar com precisão caracteriza linguagem clara, sem ambiguidades, sem falseamentos de distratores, com alternativas que sejam plausíveis ao comando do item e, certamente, com um texto-base que seja de interesse do público a que se destina”. Na elaboração de uma questão ele também enfatiza a importância de não subestimar “a capacidade reflexiva do aluno”.
Bruno de Assis já participou da equipe de profissionais do Instituto Avaliar como autor, coordenador, revisor de língua portuguesa, coordenador de oficinas de produção de item e de produção de texto. Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Viçosa (2002), especialização em Língua Portuguesa e Literatura na mesma universidade e mestrado em Linguística e Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2007). Atualmente é doutorando-pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais, tendo cursado período sanduíche na Universidade do Vale do Rio dos Sinos -RS (2015). É professor do Instituto Federal Minas Gerais, com experiência docente em diversos níveis de ensino. É autor de materiais didáticos, livros de literatura infanto-juvenil e livros técnicos para Formação de Professores. Atua como consultor em Avaliação da Aprendizagem Escolar, Avaliação em Larga Escala e Educação à Distância. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: Ensino de Língua Portuguesa; Terminologia e Estudo das Linguagens Especializadas.